Parabéns, Júlio.
O tema é muito importante e a comparação pertinente. Mário Soares pode estar a ser contraditório, em certos aspectos, com o seu passado de governante e isso é de criticar, atendendo às responsabilidades cívicas ímpares de Soares em Portugal – ninguém hoje lhe chega aos calcanhares, em termo de prestígio e autoridade.
E a realidade é que já poucos terão uma noção rigorosa do que foi a acção de Ernâni Lopes como Ministro das Finanças e do Plano, incluindo eu próprio (apesar de nessa altura já ser aluno finalista de Engenharia Civil), e por isso é bastante difícil discutir com rigor e serenidade, mas isso não deve conduzir-nos directamente aos chavões primários e ao radicalismo ignorante. Por isso não me vou pronunciar sobre o Governo do Bloco Central, nem sobre Ernâni Lopes, que na altura nunca foi, porém, tão protagonista quant hoje é o sociopata do Gaspar – nem nada que se pareça.
Acho é que o nosso Jornalismo bem poderia pegar neste tema de uma forma séria, em vez de nos empanturrar de propaganda estéril e enviesada, para elevar o nível de uma discussão crucial para o nosso Futuro colectivo.
Talvez aí se notassem as abissais diferenças entre os Portugais de 1983 e 2013 – trinta anos é muito tempo, muitos dias, muitas semanas… – e se pudesse avaliar, com honestidade e justiça, as diferenças de valor entre o Governo Soares/Mota Pinto e o de Passos/Portas (?)/Gaspar/CAVACO (!), resultando porventura uma ainda maior indignação face ao desastre inevitável para onde se está a conduzir Portugal nesta década.
É que, depois de Soares/Mota Pinto/Ernâni Lopes, Portugal viveu os melhores anos, de longe, de toda a sua História. E após esta quadrilha atual, não sei se não iremos voltar aos infernos.
Apesar de o pensamento crítico da Extrema-esquerda nivelar sempre tudo e o seu oposto pela mesma bitola e meter tudo no mesmo saco, aplanando os contornos do que deveria ser realçado. E nessa sua atitude imbecil reside, aliás, grande parte das causas e da explicação para a nossa presente tragédia…